SEJAM BEM VINDO!






“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.

Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.


Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar.

Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

Rubem Alves












quarta-feira, 3 de março de 2010

Por uma pedagogia a favor da variação

Um dos objetivos fundamentais da educação conforme postulam os PCN é tornar o aluno um cidadão consciente dos seus direitos e deveres, desenvolvendo atitudes de participação social e política e ao mesmo tempo formando valores que o façam assumir atitudes solidárias, cooperativas e de repúdio às injustiças e discriminações.

Trazendo esses objetivos para o âmbito do ensino de língua portuguesa vemos que esse ideal ainda está longe de ser concretizado e isso não é difícil de se comprovar.

Os diversos estudos da Sociolinguística têm demonstrado que escola continua sendo perpetuadora de fracassos e desigualdades, sendo que grande parte disso está intimamente associado aos problemas de linguagem. Como afirma Soares (2002):

O conflito entre a linguagem de uma escola fundamentalmente a serviço das classes privilegiadas, cujos padrões linguísticos usa e quer ver usados, e a linguagem das camadas populares, que essa escola sensura e estigmatiza, é umas das principais causas do fracasso dos alunos pertencentes a essas camadas, na aquisição do saber escolar.

Como já foi dito, infelizmente os sérios estudos desenvolvidos pelas ciências da linguagem não tem sido suficientes para que a escola veja as variedades lingüísticas como um fator positivo. Infelizmente a escola ainda está contaminada de preconceitos. Persiste mito do “certo” e do “errado”.

Não raro, alguns poucos professores de língua portuguesa até tentam construir uma prática de ensino de língua materna inclusiva, mostrando a verdadeira realidade que o preconceito lingüístico esconde.

Mas, é na própria escola onde também está a resistência. Algumas pessoas que se consideram especialistas na língua portuguesa, quando na verdade nem passaram pelo curso de letras, nem muitos menos se preocupam e ler o mínimo do que dizem os postulados da linguística e sociolinguística, interpretam erroneamente o trabalho do professor, afirmando que “essa maneira de ensinar português” não ajuda o aluno em nada, justificando ser essa a causa de tantos alunos usarem mal a sua língua.

Para piorar ainda mais, essas mesmas pessoas acham que o professor que desenvolve seu trabalho sob a perspectiva da linguística acha errado ensinar a língua padrão, quando na verdade o que esse professor propõe é o inverso. Ele sabe, e muito bem, que o seu papel é justamente esse: fazer com que o aluno se aproprie da linguagem padrão como instrumento de luta contra as desigualdades e a favor de uma inserção cada vez mais ampla na sociedade em que vive.

Faz-se necessário deixar claro que o que é o foco do ensino de língua materna a partir de uma visão sócio-interacionista não está na questão de ensinar ou não gramática, mas sim de acabar com o preconceito lingüístico, tão disseminado nesse meio. O que se propõe é o respeito e aceitação de todas as formas lingüísticas como sendo boas, certas, comunicativas. Trata-se de abrir espaço para a diversidade, trocando a noção de certo e errado por adequado e inadequado.

O principal objetivo do ensino de português deve ser o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno. Isso significa não a substituição de sua forma de falar por outra mais bonita ou mais certa, significa dotá-lo de amplas ferramentas lingüísticas que o permitam utilizar a linguagem de maneira eficiente em diferentes contextos.

É para ensinar a língua padrão sim! Mas é essencial que esse ensino seja feito maneira crítica, ajudando o aluno a enxergar o preconceito social que está por trás da linguagem usada pelas camadas não escolarizadas.

É para ensinar a língua padrão sim! Porém, é primordial fazer com que aluno analise criticamente as diversas relações que se estabelecem por meio da linguagem e não para silenciá-lo e bombardeá-lo dizendo que sua linguagem é pobre, errada e que ela não serve para nada.

Fazer educação com justiça é isso: dotar o aluno de ferramentas que o tornem autônomo, respeitador, cooperativo, competente linguisticamente e não um mero reprodutor de desigualdades e preconceitos.


Professora Maria das Dores Evangelista

.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

VEJA QUE INTERESSANTE A CAMPANHA DOS 100 ANOS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA (ABI)

A vírgula pode ser uma pausa... Ou não.
Não, espere.
Não espere.


Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.


Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.


Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.


E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.


Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.


A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.


Uma vírgula muda tudo.


ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação'.
Preconceito linguístico: algo que precisa ser erradicado




Atualmente tem sido constante o debate sobre o respeito às diferenças e a formação de uma sociedade pautada na vivência efetiva dos direitos humanos. Assim, é inadmissível que uma pessoa deixe de desfrutar dos bens sociais que ele mesmo ajuda a produzir, por causa de fatores relacionados à religião, raça ou opção sexual.

Se temos avançado no que diz respeito ao combate a esses preconceitos, o mesmo não se pode dizer quando o assunto é preconceito linguístico.

As ciências da linguagem têm facilmente demonstrado que o preconceito linguístico nada mais é que o cultivo do preconceito social. Quando discriminamos uma pessoa por causa do seu modo de falar, na verdade estamos discriminando a classe social da qual faz parte.

Também é fato cientificamente comprovado que não há línguas homogêneas, todas as línguas mudam continuamente, e não há como alterar o curso natural dessa mudança.

Assim, é incoerente dizer que a língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente, pois isso significa desconsiderar a verdadeira diversidade lingüística existente em nosso país.

Acredito que esse seja um dos papéis primordiais da escola, não somente durante o ensino de Língua portuguesa, incorporar essas diferenças, tratando-as como algo positivo, bonito, funcional. Ao mesmo tempo é necessário que prepare o aluno para que, ao longo de sua vida escolar, vá ampliando progressivamente sua competência comunicativa.

Isso não quer dizer que ele vá substituir o seu conhecimento lingüístico por outro melhor, ou mais certo, significa aprender a utilizar a língua em diferentes situações e contextos de maneira adequada e efetiva.





terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CURIOSIDADE SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA

POR QUE BRASILEIRO E NÃO BRASILIANO?

Além do adjetivo brasileiro, os termos brasiliano, brasiliense, brasilense, brasílico e brasílio também significa natural ou relativo ao Brasil. No entanto, a designinação mais comum, brasileiro, tem origem no Brasil colônia. Brasileiro, segundo o filólogo Silveira Bueno, era tirador de pau-brasil.

No início da colonização essa palavra tinha conotação negativa, pois as pessoas que extraíam a árvore eram geralmente criminosos expulsos de Portugal.

 Foi o Frei  Vicente de Salvador  que utilizou pela primeira vez essa palavra para designar pessoas naturais do Brasil e não somente  para o tirador de pau-brasil. Com o fim da madeira essa palavra acabou se consolidando definitivamente como adjetivo pátrio.

 Ainda hoje o sufixo eiro  indica ofício ou atividade, ocorrendo com menos frequência em outros adjetivos que indicam nacionalidade como mineiro, por exemplo.