SEJAM BEM VINDO!






“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.

Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.


Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar.

Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

Rubem Alves












segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Carta aberta produzida pelos alunos do 3º ano sobre o Programa de Educação Integral


Dados do ENEM 2010 trouxeram uma realidade entristecedora: das cem melhores escolas com melhores notas, apenas 13 são públicas. Ao analisarmos esses indicadores e os comparamos com a nossa realidade, não fica difícil entender o porquê de resultados tão ruins.
O Programa de Educação Integral surgiu como parte de uma política que se diz preocupada em oferecer uma educação de qualidade, que diz se diferenciar por oferecer além de mais tempo na escola, profundas mudanças em termos de conteúdo, método, e gestão. Mas será que isso condiz com nossa prática?
Achamos até louvável a iniciativa do governo em criar esse programa e de ampliar o número de escolas que tem acesso a ele. Vale salientar que, segundo dados da Secretaria de Educação a partir 2010, o Governo do Estado, aumentou o número de escolas atendidas pelo programa, passando a contar com 160 Escolas de Referência em Ensino Médio. Sendo que dessas, 60 funcionam em horário integral e 100 oferecem jornada semi-integral.
No entanto, parece ter havido um equívoco: focou-se na ampliação dessas escolas em termos de quantidade, deixando de lado a qualidade. É nesse momento que surge mais um questionamento: será que uma educação “diferenciada” só se faz mantendo os alunos por mais tempo na escola?
Somos alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Professora Irene Maria Ramos Coelho, em Afrânio-PE, e é por estarmos a dois anos meio nessa escola que temos propriedade para falar dos problemas que afligem a nossa escola, é por ter o mínimo do que o programa se comprometeu em oferecer que nos sentimos no direito de cobrar. E as cobranças não são poucas.
Primeiramente, falemos do início do ano letivo. Enquanto todas as escolas do estado começam seus estudos em fevereiro a nossa só começa em meados de março e a desculpa é sempre a falta de transporte. Assim, vem-nos mente mais uma pergunta: será que os impostos que pagamos não são suficientes para garantir o cumprimento dos dias letivos sem atropelos? Sim, pois por conta do atraso somos obrigados a atropelar nossas férias (e feriados). Somos obrigados a estudar sem ter direito a um descanso mínimo para repormos nossas energias para voltarmos aos estudos.
Em segundo lugar, falemos de outro problema ainda mais grave em nossa escola. A falta de professores. Além de começarmos tarde ainda tivemos, nesse ano, de enfrentar a falta de professores nas disciplinas de Matemática, Inglês e Educação Física. Nossas aulas nessas disciplinas foram iniciadas em maio, mesmo depois de inúmeros alertas da direção sobre a necessidade de preencher essas lacunas.
Observem que todo esse atraso aconteceu justamente no ano mais importante para nós, um ano em que temos que mostrar resultados, principalmente no ENEM e nos vestibulares.
E os problemas não param por aí. Falta-nos laboratório de informática, o de Ciências chegou praticamente às vésperas de nossa saída da escola. Isso quer dizer que nos dois anos que se passaram, poderíamos ter tido mais acesso a aulas práticas, o que, infelizmente, não aconteceu. Somos alunos “desconectados”, pois não temos acesso ao computador, coisa fácil de se garantir (quando se quer) hoje em dia.
Como podem ver a nossa escola sofre com o “excesso e faltas”. Falta-nos livros didáticos na maioria das disciplinas. Falta-nos recursos pedagógicos suficientes para atender a demanda da escola. Falta até vigia. Aqui, os professores se querem melhores aulas é que tem que pagar pelos recursos. Então não seria exagero perguntar: onde está o diferencial, onde está a referência?
A essa pergunta nós podemos responder. A única coisa de que podemos nos orgulhar de fato é dos nossos professores. Eles sim são referência em preparo, em motivação, são referência em dar o melhor de si mesmo recebendo o mínimo do Programa. Parece-nos que o que sobra para eles são mesmo as cobranças.
Vivemos esperando, tal como diz a música do Jota Quest: esperando por uma reforma, esperando por uma biblioteca que funcione realmente, esperando por uma quadra poliesportiva, pelo calçamento e iluminação das ruas da escola, esperando, esperando, esperando...
Concordamos que o governo invista na educação integral, mas concordamos muito mais com o oferecimento de condições para que as escolas que já existem sejam equipadas para que de fato pratiquem um ensino diferenciado. Nossos apelos são principalmente em favor daqueles que aqui vão continuar. Queremos que o Governo, o Programa, sei lá quem, faça a sua parte para que aqueles que aqui ficarem ou vierem, possam se orgulhar de estudar numa escola de Referência.

Produção coletiva dos alunos do 3º ano de Ensino Médio Professora Irene Maria Ramos Coelho 

6 comentários:

  1. Esse é o caminho, reivindicar os nossos direitos nos dá uma aproximidade dos tempos em que conseguimos mudar muita coisa com as nossas reivindicações... temos que pintar a cara literalmente e lutar, lutar até chegarmos ao nossos ideais.

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  2. Achei maravilhoso o texto,é um orgulho saber que contribuo para a formação de jovens tão conscientes.
    Infelizmente eles estão com razão ao questionarem o que falta,é triste vermos alunos que passaram 3 anos dentro da escola sem sequer terem acesso a um laboratório de informática,livros insuficientes,biblioteca desatualizada.
    Graças ao compromisso de professores o sentimento de perda não é maior,pois dão o melhor de si para contribuir com a formação desses jovens tão brilhantes.
    Voces estão todos de parabéns e lembrem-se da palavrinha nova de empreendedorismo:"RESILIÊNCIA"...Sejam todos RESILIENTES...
    Amo todos voces...Dirce Braga

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  3. È ISSO AÍ MENINOS, TEMOS QUE REIVINDICAR MELHORES CONDIÇÕES MESMO. FICAR CALADOS NÃO DÁ!!!!!

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  4. Amiga sou sua fã! Parabéns pelo ótimo trabalho que vc desenvolve cm os nossos alunos, q tbm são nossa motivação, diante de tanto descaso cm a educação...só nós sabemos a "fartura" q enfrentamos em nossso ambiente educacional("farta": livro didático,computadores, coordenador pedagógico, etc.).
    E aos nossos amados alunos: PARABÉNS a tdos q participaram na elaboração dessa carta...vcs são motivo de orgulho para nós, q fazemos a família EREMPIMRC, por todo o esforço q fazem, rompendo cm as barreiras impostas pelas circunstâncias diárias na busca do desenvolvimento do ser, do conviver, do conhecer e do fazer. Um big abraço e muitas bjkinhasss... dollooooo vcs de montão! xêluuuuu

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  5. |Esses são os nossos meninos!

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  6. Independente de nossa área de atuação nossa visão educacional deve ser direcionada para a conquista gradual da autonomia e da plena cidadania.À primeira vista, essas aprendizagens podem parecer que são naturalmente adquiridas, não precisando ser ensinadas. no entanto, nem todos tem oportunidade de aprend~e-las no seu cotidianoe, justamente por isso, elas devem merecer atenção especial dos educadores, pois são estes que, através de suas próprias atitudes nas relações cotidianas, passam lições de democracia, que por sua vez, irão permitir a efetivo alcance da tão sonhada cidadania. Parabéns Professora Maria das Dores, por oportunizar aos nossos educandos a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes favaráveis à formação integral, visando construir relações afetivas saudáveis e a reconhecer-se como sujeito ativo e participante dentro da sociedade.

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